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QUEM MORRE VIRA SANTO
Eu fui a diversos enterros durante a minha vida. Eu me despedi dos meus pais, de irmãos e irmãs, de tios e tias, de amigos de infância e do trabalho e até em funeral de inimigos eu já prestei condolências. Depois de todas essas vivências, ou mortências talvez, eu percebi que uma coisa era igual em todos aqueles enterros: a enorme capacidade que as pessoas têm de melhorar a biografia daqueles que estão partindo.
Quem morre no Brasil vira santo, pensei.
Eu mesmo comprovei daquela teoria quando faleci e os meus amigos e familiares fizeram afirmações no meu velório:
-“Mais fiel do que a cachorra Lessie”¬- disse uma ex-namorada que me viu latir em outras freguesias.
-“Excelente aluno” – Disse um professor que havia me reprovado.
-“Trabalhador exemplar” – Disse um primo que só me aceitava na sua empresa por pressões familiares.
-“Um sujeito cuja dívida foi ter nos deixado órfãos da sua presença”- Disse o advogado que penhorava um dos meus bens para pagar seus honorários.
Pompa/2022